domingo, 29 de maio de 2016

Representação X Experiência Presencial

 Durante a aula no Parque Municipal, os professores levantaram a discussão sobre a diferença entre a representação e a experiência presencial, ressaltando suas vantagens e desvantagens, Para começar essa análise, acho importante separar os tipos de representações possíveis que podem ser exploradas. Tomando como exemplo o Google Street View, temos o tipo de representação que tenta se aproximar cada vez mais da experiência real. Os "gadgets" de realidade virtual e os vídeos do youtube gravados em 360º são exemplos de representações que seguem uma mesma lógica. Em todos os casos, o desenvolvimento tecnológico, afim de reproduzir a realidade, é essencial. A palavra que tal desenvolvimento vem tentando alcançar cada vez mais dentro desse contexto é: imersão.
 O mapa é um tipo de representação composto por dados representados de maneira gráfica, sua principal função é transmitir informações. Se formos comparar o Google Maps com o Google Street View, o primeiro serve para calcularmos um trajeto ou saber o que existe no entorno de uma região, por exemplo. Já o segundo, transmite o que veríamos se estivéssemos em determinada posição desse mapa, ou seja, ele cria reproduz um ambiente virtualmente e tenta inserir o usuário dentro dele. Porém, o que realmente diz sobre o êxito da ferramenta ou não é o quanto ela consegue nos passar a sensação real de estarmos no lugar, e é isso o que torna a experiência presencial insubstituível de maneira plena. A utilização de imagens com tantos pixels que se aproximem da capacidade do olho humano, a reprodução de sons (ou até mesmo de cheiros, em um possível futuro), pode até garantir a imersão em um ambiente virtual, mas não garante que a experiência do usuário será a mesma que ele teria se estivesse presente no ambiente representado.
 Se um morador da região centro-sul de Belo Horizonte quisesse conhecer uma periferia através do Street View, ele conseguiria absorver bastante informações sobre o lugar, porém não sentiria a mesma insegurança ou inquietude a que estaria submetido se estivesse experimentando esse ambiente desconhecido de maneira presencial. Isso, porque as sensações estão além de dados que possam ser representados. Elas estão em um campo que engloba, não só informações quantitativas ou reproduzíveis acerca de algo, mas, principalmente, sobre a bagagem cultural das pessoas que estão imersos nessa experiência e daqueles ao seu redor (que fazem parte do "experimento, por assim dizer).
 Outro modo de representação que costuma expressar bem essa diferença é a representação através da arte. Isso, porque ela se demonstra mais abertas a diferentes interpretações, e consequentemente sensações causadas pela perspectiva de quem as vê. Um artista pode muito bem usar um jogo de luz e sombra como forma de dramatizar uma obra e transmitir melancolia, por exemplo, Porém, a forma como cada um vê a obra e sente ela vai depender da carga emocional da pessoa, do vínculo que ela irá criar com a representação, Logo, existem três pontos diferentes nesse contexto, o que o artista sente em relação à sua obra, o que ele espera transmitir ao público por meio dela, e o que o público realmente irá sentir e que pode ter diversas variáveis.
 A representação, de forma geral, é uma excelente ferramenta para transmitir informações e ideias, Não só porque ela as demonstra de maneira mais clara, mas também, porque ela excede a experiência presencial em tempo e espaço. Porém, devemos nos lembrar que, por mais desenvolvida que seja, a representação é a reprodução de algo dentro de certos parâmetros, ou seja, é um mecanismo com certa função e não algo para tentar substituir a complexidade da experiência presencial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário