quarta-feira, 30 de março de 2016
Releitura das relações entre os objetos
Para escrever sobre a dinâmica realizada em sala, tendo em vista somente a lógica programática e dos objetos, recorri a um campo de imaginação bastante popular, aquele de "se você estivesse em uma ilha deserta...". O famoso filme Náufrago (2000) ilustra bem o quanto podemos ser inventivos quando forçados a uma situação em que dependemos nada mais além da criatividade para sobrevivermos as casualidades que ocorrem. Recriando essa ideia de estar à deriva e ter que usufruir do que tem da maneira mais eficaz, resolvi recriar minhas relações.
Se estivesse em uma ilha deserta com os objetos que foram ligados ao meu ukulele, iria dispor dele e de mais um par de sapatilhas de balé, um tablet e uma bolsa. Para começar resolvi analisar os eventuais problemas que esses objetos podem ter para realizar sua função original nessa situação e tentar imaginar novas funções para que eles não se tornassem inúteis. A bolsa poderia servir bem para carregar utensílios, recursos, comidas, etc. Porém, tão importante quanto isso é que a bolsa seria o objeto mais confortável na ilha, podendo vir a servir de travesseiro ou almofada para passar o mínimo de conforto físico. Estamos considerando um lugar sem sinal de internet e sem energia, logo, a bateria do tablet iria acabar, eventualmente. Ele perderia a sua funcionalidade original, mas sua tela poderia servir de espelho. A auto-imagem se tornaria algo importante nessa situação para manter a noção do reconhecimento do próprio corpo. A sapatilha de balé, também perderia completamente sua funcionalidade como sapatilha. Porém, as duas fitas presentes no par poderiam ser bem úteis como amarras que poderiam fixar, por exemplo, o espelho (tlabet) em algum lugar. Já o ukulele, assim como a bolsa poderia manter sua função original. A música se tornaria uma forma de entretenimento importante para manter a sanidade em uma experiência de reclusão total, assemelhando-se ao espelho (ou a famosa bola de vôlei "Wilson" do filme). Mas talvez o náufrago não toque o instrumento, não se interesse ou, em algum ponto, ele deixa de ser uma forma eficiente de entretenimento. Ainda sim, suas cordas serviriam de amarras ainda maiores e mais fortes dos que as fitas do par de sapatilhas, e sua madeira poderia ser utilizada como lenha.
Os objetos podem ter perdido suas respectivas funções sobre as quais são pensados e até mesmo nomeados, porém não deixaram de ser funcionais. O acaso, nesse caso extremo, fez com que lhes fossem atribuídos novos usos.
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